A Fundação

No início do século XX, Monte Sião era dotada de atividades culturais que ultrapassavam as expectativas de uma cidade de porte reduzido, com éramos, cujas dimensões, tanto em área urbana, populacional, como econômica, fariam da arte o luxo só permitido aos grandes centros do nosso Estado.

A colônia italiana que imigrou para esta cidade, embora formada por agricultores, trouxe com ela a erudição que, mesmo o europeu com pouca escolaridade, traz em sua bagagem a instrução adquirida pela convivência com a cultura do continente de procedência. Assim, dos italianos recebemos o gosto pela música, pelo canto, pelo teatro, pelas festividades religiosas ou não, pela característica de aprender a tocar um instrumento musical, pela arte da marcenaria e ferraria e, porque não, o talento de tecer a lã, nossa base e garantia do nosso sucesso econômico. Com isso, nossa população conviveu, nessa época, com artistas, artesãos, com três bandas de música, corais, conjuntos musicais, jornais e, fato admirável, com uma sede própria de teatro, o teatro Santo Antonio, inaugurado em 1922. Interrompida a imigração, a arte encolheu-se entre nós, os músicos não deixaram herdeiros, os artesãos não legaram o talento e apenas o tricô sobreviveu, não como arte, mas como fonte de renda. Abalada e sem respaldo dos imigrantes, nossa cultura evanesceu-se, sem, entretanto, desaparecer. Foi, então, que surgiu a Fundação Cultural “Pascoal Andreta”, com o propósito de resgatar a herança cultural que nos foi legada, desenvolvê-la e disseminá-la entre nossa gente.

Fundada no dia 08 de dezembro de 1982, o primeiro objetivo da Fundação foi criar o Museu Histórico e Geográfico de Monte Sião, fato que ocorreu depois de oito anos de sua idealização, tornando-se hoje a maior atração da cidade, classificada em 2º lugar entre os museus de caráter privado de Minas Gerais, perpetuando definitivamente nossa História e assegurando as tradições e origens do nosso povo.

Além do Museu, a Fundação planejou, criou, promoveu e ofereceu à cidade centenas de eventos culturais, entre os quais se destacam os que se seguem:

Coral da Fundação, Círculo Ítalo-brasileiro de Monte Sião, Lira Monte Sião, vínculo com o grupo teatral “Expressão livre”, patrocinando-lhe professor de cenografia, Prêmio Aluno Padrão,concursos de redação, patrocínio a atletas de caratê, velocistas e fundistas para seu aprimoramento e disputas, patrocínio para publicação de livros de nossa História, de autoria de nosso historiador Lourenço Guirelli Jr.,patrocínio para filmagem de prédios de valor histórico da cidade, auxílio à biblioteca local e de escolas municipais, auxílio ao jornal “Monte Sião”(fundado em 1958), palestras culturais ministradas por jornalistas e professores credenciados, auxílio para restauração do Conservatório Musical de Pouso Alegre, festa do Imigrante Italiano, exposição de aves canoras e animais empalhados, auxílio a fanfarras do município, apresentação de peças teatrais de Itajubá e Ouro preto, apresentação de música erudita com orquestra de câmera procedente da Sinfônica de Campinas (SP) e Poços de Caldas, realização do “Som Monte Sião”, “Arte na Praça”, festival de Corais, festival de bandas de coreto, “Noite de Seresta”, apoio à Expedição Sagarana, exposição de fotos e telas, apresentação dos “Contadores de causos” de Cordisburgo, mais recentemente a reativação da Lira Monte Sião e a criação do grupo de cordas “Violeiros do Sion” e o internacional “Concurso Fritz Teixeira de Salles de Poesia”, neste ano de 2020 em sua 18ª edição.

A Fundação Cultural não tem finalidades lucrativas, mantendo-se de subvenções da Prefeitura Municipal e doações. O Museu – sua maior realização – nada custou aos cofres públicos, constituindo-se na rara entidade construída pela população desta cidade.

Pascoal Andreta

O Patrono da Fundação Cultural Pascoal Andreta (1916 – 1982), que deu seu nome à Fundação Cultural, nasceu em Monte Sião e aqui se fez autodidata, ferreiro, carpinteiro, marceneiro, pedreiro, músico, musicista, compositor, maestro, bandolinista, cavaquinista, clarinetista, saxofonista, artista plástico, desenhista, trovador, cronista, romancista, poeta, respeitado funcionário do IBGE e, depois dos 45 anos de idade, com curso na Universidade Federal de Minas Gerais, professor de Português e, por diletantismo, professor de tupi-guarani até ser atingido pelas chispas da genialidade e adquirir luz própria.